Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://nuhtaradahab.wordpress.com/

 

AIRES DA MATA MACHADO FILHO
(BRASIL – MINAS GERAIS)

 

Aires da Mata Machado Filho (Diamantina, 24 de fevereiro de 1909 — Sete Lagoas, 23 de agosto de 1985) foi um filólogo, professor e linguista brasileiro.Era filho de Augusto Aires da Mata Machado e de Mariana Flora de Godoy, e irmão de Edgar de Godói da Mata Machado.
Lecionou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Maria da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e foi catedrático na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais.
Foi membro da Academia Brasileira de Filologia, da Sociedade Brasileira de Antropologia, da Sociedade Brasileira de Folclore, da Academia Mineira de Letras (cadeira nº 33) e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Foi o criador da CMFl - Comissão Mineira de Folclore e seu presidente até a década de 80.
Obras:  Linguística, gramática e filologia; Em Busca do Termo Próprio (1947); A Correção na Frase (1953); Português Fora das Gramáticas (1964); Aventuras de um Caçador de Palavras (1965); Português & Literatura (1950); Crítica de Estilos (1956); Pequena História da Língua Portuguesa (1961); Dicionário Didático e Popular da Língua Portuguesa (1965); Lingüística e Humanismo (1974); Coleção Escrever Certo, em 6 volumes.
História: Arraial do Tijuco, Cidade Diamantina (1945); Tiradentes, Herói Humano (1948); Folclore  Curso de Folclore (1951); Etnografia: O Negro e o Garimpo em Minas Gerais (1943).   
 

 

MACHADO FILHO, Aires da Mata.   IDÉIAS E POESIA. Comprefácio de Augusto de Lima Júnior.   Belo Horizonte:Estabelecimentos Gráficos Santa Maria, S. A., 1960.  104 p.No.  10 091   Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, em outubro de 2024.

  

DÚVIDA, INQUIETAÇÃO, ANGÚSTIA

 

Um frêmito de inquietude perpassa no segundo livro,

Símbolos.  Brilha desde o começo, pois Dúvida é a

 Epígrafe da primeira parte.
Adeus tranquilidade no materialismo! As horas de
ouro da poesia marcam inquietude, insatisfação,
angústia. Vejamos, repectivamente em Colisão, Dois
Desertos
e No Mar:

“A vida é um mal, a morte um bem incerto.
Maldizendo da vida, temos medo
dessa esfinge que, do alto do rochedo,
nos dita o enigma trágico, encoberto.

Maldizemos da vida; mas o certo
é que, alfim, se desvenda esse segrêdo;
essa vida termina tarde ou cedo,
essa morte nos leva longe ou perto.

Ao nada? À natureza? Aonde nos leva?
A luz eterna, à irreparável treva
onde a dor de outros tempos se suporte?

Se fugimos da vida, que incerteza!
Se evitamos a morte... ó Natureza,
que tédio a vida, que terror a morte!”


“Cerca-me a solidão, vasta ruína
de sonhos mortos, arraial funéreo,
arcabouço tristíssimo do império
que edifiquei na mente peregrina.

Vivo, porque me lembro e me calcina
ainda a dor humana: o mais, — mistério...
Nesta arena, teatro e cemitério,

    que termo estranho a sorte me destina?

Por fim, a própria dor, preço da vida,
saciada fera, após luta renhida,
há de me, um dia, abandonar de certo.

E insensível, aos gosos e à tristeza,
hei-de ficar em frente à Natureza,
como um deserto em frente a outro deserto”.

“Em verde-negro, esconso lenho
discorro o mar, de além a além...
O céu me pede o que eu não tenho,
o mar me nega o que êle tem.

O céu me pede a crença e o pranto,
matar-me a sêde o mar não quer;
mesmo com o mar posso no entanto
da minha mágua o céu encher?

Quem me mandou a esta viagem?
Donde parti? Quando embarquei?
Qual meu roteiro? A que paragem?
Devo voltar? Não sei, não sei.

Que estranha voz... rumor das vagas...
sombras além... névoas talvez...
Quem sabe? Estão próximas plagas
onde aportar por uma vez.

Cai sôbre mim a Noite imensa.
Que ela confunda em seu negror
as sombras vãs da minha crença,
a rouca voz do meu pavor!

Mudez e treva, olvido e nada...
Melhor.  Não sinto o espectro meu.
No berço-esquife a alma encerrada
pensa, talvez, que já morreu!”


A parte que se chama negação tem algo de forçado.
Apresenta versos fortes como êste: “Sucede à dor que
que punge, dor pungente”. No geral, dir-se-ia escrita

    só para compensar, no conceito de antigos colegas da
Faculdade ou de amigos acatólicos, as inevitáveis
concessões à “crença de antanho”, para usarmos pala-
vras suas, proferidas no   discurso na Academia Brasi-
leira. 
 

*** 

           SINESTESIA E MÚSICA                          


Neste soneto, com em tantos outros poemas, a poesia
flui e canta suave só na escolha das palavras e na sua
arrumação. Não se recorre a processos literários.  E todavia,
tem Augusto de Lima os de sua predileção.
Da sinestesia vimos exemplos no soneto A Serenata.
Outros apareceram nas transcrições necessárias, mas ainda
veremos este:

“.........................................................................

Há com efeito acordes de perfume,

de intenso colorido harmonioso,
que, no delíquio do supremo gôso,
as sensações universais resume.

Nossos olhos não vêm, nossos ouvidos
não escutam; mas a alma inebriada
ouve cantar na abóboda azulada
os cintilantes astros comovidos.

Na embriaguez das flôres, quando assoma
entre sonhos  a morte, há de ser grato
a alma romper nas sensações do olfato
e a vida evaporar em pleno Aroma!”


Quanto à inefável musicalidade, origina-se nos
dons do poeta auditivo.  Já o vimos. Transparece melhor
na exaltação à música, uma das mais belas criações do
seu privilegiado engenho, a qual faz parte do poema
São Francisco de Assis:


“Música, misteriosa essência eterisada,
de um mundo que a alma escuta, entendo e não traduz
na linguagem falada!
Essência, que entesoura os dons da Natureza
nas cinco linhas paralelas que a Beleza
faz em notas vibrar perfume, som e luz:
perfume dos jardins, forte ou leve, acre ou doce;
perfume florestal, de ardente seiva em posse;
perfume, que embalsama as almas da poesia,
fazendo palpitar de amor o coração.

Bendito seja Deus, na voz da Melodia,
Bendito, o seu amor no côro da Harmonia,
bendito, recebendo o Canto na Oração.

Música — som e luz, vibração da Existência,
panorama sonoro, espêlho da consciência...

Das aves o gorjeio; o murmurar das fontes;
o azul do céu tranquilo, arqueado sôbre os montes.

os mistérios do mar;
gritos do temporal, suspiros de bonança;
tudo o que vibra, atrai, comove, ou faz pensar,
a Música traduz no ritmo ou no compasso;
e lá, no excelso espaço.

na música do azul ressoa a luz solar.
E mais além, ela é na imensidade etérea,
a conjunção central das harmonias puras,
comunicando o Criador e as criaturas,
o infinito e o finito, o espírito e a matéria.

É a poesia dos sons, e na maior grandeza,
como um íris triunfal, de harmonica aliança,
a manifestação de Deus na natureza.
É constância na Fé, promessa na Esperança,
na Caridade — amor, penitência, e perdão.

Bendito seja Deus na voz da Melodia,
bendito o seu amor no côro da Harmonia,
bendito, recebendo o Canto na Oração...”

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar